segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Dedicado ao país esquecido...

Acreditem não sou grande apreciador da música popular portuguesa mas esta música diz tudo sobre uma geração de portugueses que irá desvanecer-se no tempo. A letra é de Rui Veloso e Carlos Tê... A voz de Isabel Silvestre.



A letra
Ai Senhor das Furnas
Que escuro vai dentro de nós,
Rezar o terço ao fim da tarde,
Só pr'a espantar a solidão,
E rogar a Deus que nos guarde,
Confiar-lhe o destino na mão.

Que adianta saber as marés,
Os frutos e as sementeiras,
Tratar por tu os ofícios,
Entender o suão e os animais,
Falar o dialecto da terra,
Conhecer-lhe o corpo pelos sinais.

E do resto entender mal,
Soletrar assinar de cruz,
Não ver os vultos furtivos,
Que nos tramam por trás da luz.

Ai senhor das furnas,
Que escuro vai dentro de nós,
A gente morre logo ao nascer,
Com os olhos rasos de lezíria,
De boca em boca passando o saber,
Com os provérbios que ficam na gíria.

De que nos vale esta pureza,
Sem ler fica-se pederneira,
Agita-se a solidão cá no fundo,
Fica-se sentado à soleira,
A ouvir os ruídos do mundo,
E a entendê-los à nossa maneira.

Carregar a superstição,
De ser pequeno ser ninguém
Mas não quebrar a tradição
Que dos nossos avós já vem.

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